Com maioria dos votos em Bolsonaro no primeiro turno, São Paulo viu a renda cair em seu governo

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São Paulo, onde Bolsonaro teve maioria de votos em primeiro turno, viu crescimento da informalidade e queda na renda mesmo após a volta da atividade econômica

 

O estado de São Paulo que conta com 23,8 milhões de pessoas em atividade laboral e 2,4 milhões de desempregados, anuiu em primeiro turno nas eleições presidenciais de 2022, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro (PL) com 47,71% do eleitorado, contra 40,89% de Lula (PT) e também o bolsonarista, Tarcísio (Republicanos), para o Governo estadual com 42,32%, contra 35,70% de Fernando Haddad (PT).

Após o início da vacinação contra a Covid-19, em janeiro de 2021, ou seja, com o início da retomada de todas as atividades econômicas em São Paulo e Brasil, também voltaram ao mercado de trabalho pessoas que perderam seus empregos durante o período pandêmico. Com o retorno, era natural a retomada do crescimento econômico e a geração de empregos, entretanto, o aumento do emprego veio acompanhado da informalidade e redução dos rendimentos das famílias, consequência da Reforma Trabalhista de 2017 (governo Temer) e de várias flexibilizações do mercado de trabalho feitas pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, chanceladas por Bolsonaro.

Os indicadores são da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), do estado de São Paulo.

Aumento da informalidade

A partir de janeiro de 2021, portanto, houve crescimento da precarização do trabalho no estado de São Paulo, com aumento de pessoas que não contribuem com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social – contribuição para a aposentadoria), o que pode indicar informalidade no mercado de trabalho.  O índice de ocupação de não contribuinte com o INSS, teve aumento significativo entre o 1° trimestre de 2021 e 2° trimestre de 2022, segundo o Seade (Pessoas que exercem atividade laboral com carteira assinada, contribuem para o INSS, já pessoas que exercem atividade laboral sem carteira assinada, podem não contribuir para a aposentadoria devido ao não desconto pelas empresas deste benefício futuro).

Como apresenta a tabela 1, o indicador teve uma variação de quase 25% entre o 1° trimestre de 2021, início da vacinação, quando era de (100,1) e chegou a (125,8) no 2° trimestre de 2022.

Os outros trimestres seguiram a mesma tendência com índice de (111,8) no 2° trimestre de 2021; (116,5) no 3°; (123,2) no 4° e (122,2) no 1° trimestre de 2022.

No Brasil, neste mesmo período, o índice teve variação menor comparativamente ao estado de São Paulo, 17%; passou de (99,5) no 1° trimestre de 2021 e foi a (116,8) no 2° trimestre de 2022. Ou seja, se for levado em conta apenas este indicador, e é sabido que existem mais indicadores que reforçam essa condição do mercado de trabalho, mas também é um indicador representativo para tal, no estado de São Paulo, a informalidade cresceu mais que a média do País.

A mesma tendência de perda, foi observada em relação ao rendimento médio real dos trabalhadores paulistas.

Rendimento médio real

O rendimento (rendimento médio real/habitual), teve, no período destacado, redução de 8,5% no estado paulista.

A tabela 2, mostra que, no 1° trimestre de 2021, o rendimento médio real era de R$3.448,00 e caiu para R$3.155,00 no 2° trimestre de 2022.

No 2° trimestre de 2021 o rendimento foi de R$3.318,00; no 3° foi de R$3.221,00; no 4° foi de R$3.026,00 e no 1° trimestre de 2022 foi de R$3.116,00.

Já no âmbito nacional, o rendimento real médio teve redução pouco menor que o estado, de 8%, saiu de R$2.788,00 no 1° trimestre de 2021 e foi a R$2.575,00 no 2° trimestre de 2022, o que indicou redução do poder de compra dos Brasileiros.

Perda do poder de compra

Uma das consequências do aumento da informalidade no mercado de trabalho com redução do rendimento das famílias, pode ser verificada em relação ao preço da cesta básica. Este item, mostra a perda do poder de compra das famílias.

Dessa forma, mesmo com a redução inflacionária dos últimos meses de 2022, o item que mais pesa para as famílias de baixa renda, a cesta básica, teve aumento maior que a inflação oficial e de reajuste salarial. Vale salientar que, no mercado de trabalho informal, as pessoas, na maioria dos casos, não recebem reajustes salarias devidos pelas empresas, o que atenua o empobrecimento dessas pessoas e famílias.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos últimos 12 meses foi de 7,17% (para setembro de 2022). Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do mesmo Instituto, utilizado para reajuste salarial, foi de 7,19% no mesmo período.

Entretanto, o custo da cesta básica no estado de São Paulo, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), ainda é o maior do País. O valor em setembro de 2022, foi de R$750,74, aumento de 11,48% em 12 meses e 8,72% no ano de 2022.

Portanto, houve redução do poder de compra do empregado/trabalhador paulista, sobretudo para as pessoas e famílias de baixa renda. Segundo o DIESSE, essas famílias gastam mais com alimentação em contrapartida a famílias de alta renda, elas podem gastar entre 50% e 60% de sua renda familiar com a cesta básica, a depender do mês e localização territorial destas.

Considerações

Como verificado brevemente, o estado de São Paulo que deu a maioria dos votos em Bolsonaro e para o bolsonarista Tarcísio, viu seus rendimentos caírem com aumento da precarização do mercado de trabalho. Além disso, com a cesta básica mais cara do País, as famílias paulistas perderam o poder de compra, principalmente as famílias de baixa renda, onde se encontram a maior parte dos empregados assalariados rurais do estado.